O movimento que pressiona as empresas quanto a presença de diferentes gêneros, etnias, culturas, etc, em seu board vem surtindo efeito e diversas organizações começaram a compor os seus altos escalões com uma maior diversidade. Países como Noruega, Espanha, França e Islândia desenvolveram legislações que obrigam a presença de mulheres nos conselhos de empresas públicas listadas nas bolsas de valores, por exemplo.
Os números da diversidade, entretanto, podem conflitar com a real dinâmica com que essa ela se manifesta nas organizações. Dois artigos publicados na Harvard Business Review, que você pode ler (em inglês) aqui e aqui, tratam das diferenças entre ter diversidade e realmente ser a diversidade. A pesquisa desenvolvida revela que existe uma oportunidade de evoluir, principalmente no que tange as culturas de igualdade nos conselhos, como é o caso dos países citados acima.
Uma das falas que me chamou a atenção nos artigos foi a “diversidade de pensamentos”, ou seja, os conselhos ou as diretorias precisam promover um contexto em que os diferentes pontos de vista (que é a riqueza que a diversidade pode promover) tenham espaço para serem expostos. Afinal, de nada adianta termos diferentes profissionais se não damos espaços para escutá-los.
Logo, o desafio acaba por recair nos líderes das organizações que teriam de criar um ambiente de diversificação de opiniões. As sugestões de como fazer isso são inúmeras e, conforme Juliet Bourke e Andrea Espedido, abarcam aspectos relacionados ao comprometimento claro com a diversidade, adaptação do contexto conforme as diferentes culturas, foco na colaboração efetiva entre os membros da equipe e outras.
Essa leitura me remeteu a capacitação que participei sobre os multiplicadores do Sistema B, onde foi citada a experiência do B Lab no trabalho com igualdade, diversidade e inclusão no ambiente interno. A pesquisa realizada pela instituição (maiores detalhes aqui) revelou que, por mais que existisse a diversidade em números na instituição, as pessoas não se sentiam verdadeiramente incluídas.
Portanto, fazer com que a diversidade realmente seja parte de sua organização não é uma tarefa trivial. Quando nos sentimos diferentes em um ambiente que não nos consideram parte do padrão, é realmente difícil de se adaptar, logo, dificilmente daríamos o nosso máximo. Criar o sentimento de pertencimento exige muita escuta e empatia, todavia, abre novos olhares e quebram diversos paradigmas internos que, com certeza, nos auxiliam a compreender novas formas e oportunidades de negócio.
Wellington Baldo | Engenheiro sanitarista e ambiental com mestrado em sustentabilidade e inovação, adora dados e projetos. Aplica seu conhecimento de forma estratégica e inovadora. Curioso por natureza, tem paixão por compartilhar suas experiências e conhecimento e enxerga na sustentabilidade uma forma de gerar mudanças.